domingo, 31 de julho de 2011

- então, que cê faz da vida?
- eu sou bacharel e...
- eu sou mestre. rá, ganhei!

essa sou eu, super madura.

sábado, 30 de julho de 2011

então eu pedi férias pra orientadora. daí ela disse: temos que trabalhar no manual. eu disse: volto na última semana de julho. e aqui estou eu. e ela teve uma semana cheia e não pôde me atender. uma semana perdida que eu poderia ter ficado em casa. bom, eu até tenho dois arquivos pra fazer revisão sintática, mas ela disse: olha, tem coisa que você AINDA está fazendo errado. jeitinho delicado de dizer: para, você tá fazendo merda e desperdiçando meu tempo. daí agora eu estou aqui fazendo análise linguística de letra de música sertaneja. claro, não é nenhum desafio como cubo mágico ou coquetel nível difícil. (estou até pensando em virar compositora.) poderia ter ficado em casa.

nah. não, não poderia. nas últimas duas semanas, eu vivi um looping eterno de beber-rir-chorar. cantei garçom no casamento do primo. pedi autógrafo nos peito pra dupla sertaneja que eu nem sabia o nome. dancei funk no camarim. roubei ficha de criança pra nadar na piscina de bolinha. paquerei cantor de pagode. comprei 5 metros de tule pink porque eu decidi fazer uma festa dos anos 80 e me vestir de madonna (sim, eu sei. mas quem resiste a tutu rosa fosforescente?). ganhei carona e mandei cara sifudê. mandei sms's constrangedores. e outras coisinhas meigas que eu não quero citar. Cyndi me entenderia.

não, mãe, eu não estava no meu estado normal.

vou ali rimar amor com dor.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

eu não deveria ter ido embora. eu poderia ter dito sim. toda uma infinidade de possibilidades. e o que me resta agora é um monte de se's. uma vida inteira em suspenso.

eu não deveria ter ficado. eu poderia ter dito não. e ainda me restaria uma esperança. mas o que me sobra agora é só amargura. e um longo caminho pra assentar mágoas e juntar os cacos.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

aconteceu de novo

então aconteceu. de novo. aquele momento de voltar pra casa chorando no táxi. e, olha, nem foi por causa do trabalho. quer dizer, eu continuo me achando burra e incompetente e me pergunto todos os dias o que eu estou fazendo aqui. mas acho que já me conformei, vai ser sempre assim. o que eu me pergunto agora é o que diabos estou fazendo da minha vida. eu queria descobrir em que ponto do caminho a minha mente maluquete decidiu que eu tinha de encarnar a durona. mulher macho, como eu digo sempre. olha, eu bebo como homem, falo putaria, não sou delicada, não sou sensível. tenho todo um jeitinho caminhoneiro de ser. não faça beicinho. não me venha com mimimi porque eu vou ser grossa e rude, o que eu faço de melhor. vou falar absurdos, vou fazer merda. você vai se chocar, me chamar de bitch. vamos nos poupar tempo e decepções. porque certamente um dia eu vou estragar tudo. tudo certo. eu tenho acreditado nisso, tenho feito esse papel há tanto tempo que já nem sei. por defesa, acho. mas daí alguém me faz uma grosseria, me vê exatamente como a imagem que eu projeto, reage exatamente da forma como eu queria, e eu perco o controle. e eu me irrito, sinto muita raiva e choro. eu choro e descubro que não era raiva, mas tristeza. e eu só consigo me perguntar o porquê. porque agora eu posso quebrar seu nariz, torcer seu pulso. posso quebrar sua costela. eu posso me defender. não preciso mais bancar a durona. e, olha que ironia, precisei despertar minha agressividade pra descobrir que, sim, eu sou sensível. mais do que eu gostaria e mais do que poderia admitir. então, sim, eu me importo. eu faço piada. eu dou risada, mas isso é desespero. estou rindo, mas meu peito está destroçado. e só o que eu preciso é de um abraço quente pra acalmar essa revolta aqui dentro. sim, eu fiquei puta. você confundiu honestidade com grosseria, me ofendeu. faço cara de paisagem, digo não, tudo bem, mas estou magoada. sim, eu fiquei chateada quando eu queria conversar e você disse que estava ocupada. fiquei chateada porque você não percebeu a minha dor. eu chorei até cansar e ficar inchada e com as pálpebras feridas. mas, quando você me ligar e quiser conversar, eu vou largar o meu trabalho e vou tomar um café com você, pra ouvir você reclamar pela milésima vez do ex-namorado ou pra me contar que foi traída. e eu vou chorar com você e te abraçar como se pudesse carregar um pouco da sua dor. eu chorei quando escrevi todas as verdades feias sobre mim. sim, eu me sinto sozinha, mas não vou pedir. sim, eu estou triste e queria que você percebesse isso no meu tom de voz. porque eu sou sensível assim, pra notar que você não está num bom dia. e eu poderia te dar um abraço quente e secar suas lágrimas. eu não vou implorar. never more. jamais vou dizer. só vou chorar no táxi no caminho pra casa.

(para ler ouvindo Adele.)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

daí que eu cheguei do treino hoje super chateada. porque eu ri. eu ri quando ele pacientemente explicava uma sequência de golpes. eu ri como nas outras vezes. porque eu sempre acho que não vou conseguir. porque eu não tenho coordenação motora e sou desajeitada e tudo vai parecer sempre ridículo. eu não tenho controle sobre o meu corpo e sobre essa energia que ele pede pra gente descobrir e deixar fluir. e agora eu estou aqui pensando que ele pode ter se ofendido. pode ter achado um desrespeito. e eu estou aqui angustiada por isso. eu só queria dizer que eu vou sempre rir porque esse é o meu mecanismo de defesa. quando estou nervosa, quando estou brava, insegura, triste. eu rio. faço piada de mim. e me escondo. minha reação é não reagir. e então eu vou acumulando mágoas e rancores que eu não sei dizer. e acho que essas coisas estão despertando em mim, junto com essa agressividade que eu não sabia que tinha. e eu ainda não sei lidar com isso. não consigo pensar na hipótese de lutar. então eu rio. mas eu queria que ele soubesse que não é desrespeito ou deboche ou qualquer outra coisa. porque eu acho lindo o que ele faz, acho lindo a gentileza e a delicadeza de como ele faz. não é desrespeito. é só medo. e eu queria que ele soubesse disso. mas com certeza eu não vou conseguir dizer. então no próximo treino eu vou rir de novo. e não vou saber pedir desculpa. porque eu teria que pedir desculpa por aquilo que eu sou. mas eu queria que ele soubesse.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

eu estava chegando de viagem e peguei um táxi pra voltar pra casa. e, assim que eu entrei no carro, o taxista começou a falar. do tempo, do trânsito, de como é tudo tão caro. então ele contou a história dele. e, meu deus, quanto sofrimento! eu tentava achar as palavras pra dizer alguma coisa, mas o que ele me dizia tinha tanta dor, tanta mágoa, que eu mal podia respirar. quando chegamos, nos despedimos e ele se desculpou. pelo desabafo. ele tinha os olhos cansados, de quem já perdeu a fé. ele foi embora e eu fiquei ali, sentindo toda a dor daquele homem. e todos os meus problemas ficaram tão pequenos...

hoje eu queria aquele café. ouvir você falar sobre qualquer coisa, sorrindo. com as mãos dançando no ar. talvez você percebesse meus olhos nublados, minhas mãos aflitas. então você saberia que a dor é tanta que não deixa pronunciar. porque as minhas pequenas tragédias também doem. e você me deixaria chorar até perder as forças. até ficar vazia. aí eu poderia recomeçar.
hoje eu bem queria aquele café.

domingo, 24 de julho de 2011

capitu

meus professores me chamavam de capitu. olhos de cigana oblíqua e dissimulada. de ressaca. eu gostava, confesso. talvez por isso tenha sido meu livro preferido por um bom tempo. mas não resistiu a cem anos de solidão. e saramago. e vargas lhosa. e a leveza do quintana. enfim. gosto da imagem. do mar de ressaca, digo. acho que é bem assim, mar agitado. mas, às vezes, deserto. mar ou deserto, sempre imensidão.

sábado, 23 de julho de 2011

sobre peixes e pássaros

meu irmão sempre disse que eu era um peixe, desses que vivem sozinhos no aquário. bem concordei. sempre nadei sozinha. e nunca permiti peixe estranho no meu espaço. um professor amigo (ou um amigo professor), passarinho que era, bem tentou me ensinar a voar. mas para voar é preciso ser livre e eu sou anáfora nessa vida. e a minha psicóloga queria me fazer sair do casulo. deixar de ser lagarta e virar borboleta. bela e colorida e atraente. e livre. mas ela também não conseguiu me fazer voar. é tão mais confortável a vida de líquen... 

(talvez a questão seja deixar de ser [+animado] para se tornar [+humano]...)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

oi, quer tc?

um dia você vai saber que o melhor de mim está espalhado por aí. em papel amarelado pelo tempo. com a minha letra contando do meu estado de espírito. porque é o meu jeito de organizar as idéias. de me livrar da angústia. e um dia você vai saber que eu não espero resposta. só preciso saber que tem alguém me ouvindo. me lendo, que seja. um dia eu canso.