quinta-feira, 27 de outubro de 2011

porque as coisas são assim. eu sinto esse aperto no peito que não sei de onde vem. eu como pra tentar preencher o vazio e durmo pra ignorar a dor. quando a dor é muita, eu choro. choro na minha cama quente. choro na frente de estranhos. choro no ônibus na volta pra casa. até que um dia eu me canso de tanto sofrer e sinto raiva de mim por não tentar. então eu recomeço.

não, eu não desisti. ainda tenho que lidar com uma pesquisa atrasada. tenho que lidar com um coração partido. e orgulho ferido. mas não agora. eu vou ali ver gente que eu amo e que, pra minha sorte, também me ama. e, quando eu voltar, junto os cacos e começo de novo. 

domingo, 23 de outubro de 2011

eu disse aqui que comemorei o 4 de outubro porque, nos últimos anos, não fugi. eu não desisti. e eu tenho me sentido uma fraude desde então. porque eu não estou lutando. eu não sei lutar. metaforica e literalmente. toda vez que tinha confronto nas aulas de defesa pessoal, eu não conseguia lutar. eu ria, fazia piadinha, reclamava. fazia beicinho, ameaçava choro. não conseguia me imaginar lutando. Caio tinha que me provocar, me instigar, me irritar. cutucar alguma coisa parecida com brio escondida em mim. só então eu conseguia me defender. veja bem, defesa. uma reação instintiva. 

não é coragem. eu não sou feita desta matéria. acho que só parei de me debater, daquele jeito desesperado que só me fazia afundar cada vez mais. acho que eu só deixei de empregar toda minha energia em movimentos aleatórios que me levavam a lugar nenhum. é só inércia.

talvez eu já tenha desistido e ainda não tenha me dado conta. 

sábado, 22 de outubro de 2011

eu moro perto da reitoria da universidade. daí que os funcionários entraram em greve e hoje teve uma passeata. acordei da minha soneca da tarde com os gritos de "fernando, cuzão". mas nem. era "fernando, fujão/fugiu da reunião". já que eu tinha acordado, fui assistir mulheres de areia comendo chocolate. como se eu não tivesse nada mais pra fazer, né. na verdade, eu deveria ter ido pro laboratório. porque eu tive uma reunião com a orientadora e chorei. sou um sucesso, eu sei. ela pensa que eu estou usando a técnica de ~neutralização~ do orientador. e eu tive que dizer: não, gata. eu é que estou neutralizada. mas a verdade é que ela me conhece e já me viu numa situação parecida. sabe onde termina. e não quer que eu fique em casa. exatamente como fiz hoje. daí eu canso de pensar em como eu sofro nessa vida e durmo. acordo 8 da noite e, opa, perdi a corrida com a colega. e - o mais importante - perdi o happy hour. faço o que? me encho de pizza e assisto episódio de série ruim. e agora eu estou aqui pensando se ainda tenho um professor de inglês porque na última aula, guess what?, eu sai chorando. porque eu sou desequilibrada, claro. e, sinceramente, eu não sei o que ele estava dizendo porque eu estava brava e, quando eu fico brava, eu fico surda e burra. parei de ouvir no 'i don't care'. daí era como a professora do Charlie Brown falando. e, eu não tenho muita certeza, mas acho que ele disse que eu estava indo embora porque não gostava de estar ali. sério, gato? tenho de dizer que eu estava indo embora porque não queria que ele me visse chorando ~de novo~? preciso dizer que eu não estou muito preocupada com a minha pronúncia? ai, gente. e, vejam vocês, ele me conhece tão bem que não tem certeza se eu vou voltar. a única expectativa que ele tem sobre mim é: eu vou desistir. e eu achei aqui uma carta que eu comecei a escrever pra ele e, jesus, eu não tenho espaço pra ser mais dramática. pior é que eu nem sei se ele está chateado comigo ou se eu deveria estar magoada. eu não consigo ser mais ridícula. vou ali voltar a dormir porque assim eu não posso constranger ninguém. beijo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

daí que, depois de duas semanas, eu fui pro treino hoje. e, pra aquecer, Malu manda a gente correr. olha, agora eu sei como nicole bahls deve ter se sentido depois da macumba da juju. meus amigos, achei que minha bunda tava caindo. juro. eu só não corri com as mãos nas popas porque, né, tava em público. aí, depois do aquecimento, menina Malu pede pra gente fazer rodinha sentadinhos. eu não sei o que rolou nessas últimas duas semanas, mas perdi alguma coisa porque hoje foi dia de DR, bebê. acho que tinha guri reclamando das aulas. daí ela pediu pra cada um dizer quais eram suas expectativas em relação aos treinos. euzinha levantei a mão e disse: "oi, eu sou juliana. não quero lutar. não tenho nenhuma pretensão em trocar de faixa. detesto treino de condicionamento físico porque eu sou ex-fumante sedentária que qualquer corridinha bota os bofes pra fora e põe a mãozinha no peito achando que está tendo um infarto. eu não gosto de poomse porque eu preciso pensar qual é a esquerda e qual é a direita e aí eu já me perdi do grupo. detesto fazer chute com giro porque eu sou desequilibrada e fico tonta. não quero fazer demonstração porque eu não tenho coordenação motora e vou rir e dar vexame. não gosto quando você passa o treino inteiro gritando só o meu nomezinho pra me incentivar; isso é bullen só porque eu sou a mais velha. eu tenho problema de memória, não lembro de cara que eu beijei, quanto mais decorar todos os nomes dos golpes em coreano. estou aqui apenas pra emagrecer e definir as pernocas. e eu não sei se vou continuar ano que vem porque eu sou uma desistente crônica".

mentira, né. comprei roupinha e to aqui decorando apostila pro exame de faixa.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

estava aqui lendo os e-mails trocados com minha psicóloga quando eu estava doente. na segunda vez, porque, na primeira, eu escrevia cartinhas manuscritas, desenhava gráficos do meu estado emocional, fazia colagens coloridas. também fiz uns cartões divertidos pra esconder aquelas imagens horrorosas dos maços de cigarro. esses eu queria ter guardado comigo. sim, eu fumava. muito. e bebia. muito. beirando o alcoolismo. e chorava. descontroladamente. só descobri que minha apatia, aquela falta de vontade de viver, toda aquela dor era doença quando já estava na faculdade (na segunda graduação, porque a primeira foi uma escolha errada. muito errada).

o mais triste é que as pessoas não entendem. acham que é ~preguiça~. que você escolhe ficar prostrada na cama. que você prefere ver a vida cinza a reagir. por muito tempo, eu levava na bolsa um esqueminha feito pelo meu médico, que explicava o porquê eu sou assim. tudo culpa dos meus neurotransmissores. ainda tenho esse papel azul, guardado na gaveta do criado-mudo, entre guardanapos autografados, documentos vencidos, caixa de chiclete, dinheiro rasgado. porque eu já entendi que é uma condição minha. e um dia talvez eu precise explicar, de novo, que não é preguiça.

na segunda vez, eu já estava no mestrado. uma condição nova, mas o mesmo desespero, o mesmo vazio. talvez o que mais tenha me perturbado foi não conseguir ler. não conseguir escrever, a única coisa que eu faço bem nessa vida. isso foi há dois anos, mas é assustador ver que tudo continua aqui. as mesmas queixas, as mesmas dores. assustador.

ela está sempre à espreita. esperando um momento de distração meu. aquele momento em que tudo parece estar bem e eu baixo minhas armas. no fim, estou sempre esperando acontecer. de novo.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

eu menti. não me esqueci. porque eu não esqueço esse tipo de coisa. nunca. eu esqueço nome de quem acabei de conhecer. esqueço rosto de meninos que eu já beijei. esqueço escova de dentes quando viajo. mas não esqueço de compromisso com você. eu preferia ter esquecido. meu arrependimento seria genuíno e minha desculpa, mais convincente. a verdade é que eu estou evitando você. porque você vai me olhar e perguntar sobre a minha vida. você vai ouvir, de novo, que eu odeio essa pergunta. porque eu não posso mentir pra você. eu vou dizer. e você vai se recostar na cadeira pra me ouvir melhor, enquanto eu fecho os olhos pra tentar encontrar as palavras. pra fugir dos seus olhos. vou dizer uma bobagem qualquer e você vai rir, daquele jeito gostoso. e eu estarei perdida.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"Deixo que as pessoas erradas abram meu coração."
estava ali lendo um blog e finalmente entendi. abro meu coração para as pessoas erradas. e não sei como isso aconteceu. porque meu coração estava sempre fechado, cercado, gradeado. e agora isso. eu não sei dosar. a mim mesma, digo. eu não sei qual a dose certa do melhor e do pior de mim eu posso oferecer. a quem posso oferecer. como não sei dosar a menina doce meiga sensível e o caminhoneiro rude bronco grosso. e na dúvida, é sempre o lado machinho que aflora. e eu fico aqui sem saber o que é pele e o que é adorno. vestindo uma fantasia rota esgarçada surrada que já não me cabe, mas que não consigo desprender de mim. esperando os aplausos.

daí a cortina se fecha e as luzes se apagam. e eu estou sozinha. de novo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

sobre o 4 de outubro

foi mais fácil que o ano passado. porque era 30 e tem essa coisa toda com a mulher de 30. eu vejo por aí muita gente considerando como divisor de águas. olha, sinto dizer, mas não muda nada. 31 não mudou muito. eu não amadureci, não tomo minhas decisões sozinha. não pago minha contas sozinha. a mesma sensação de inadequação na vida. peço desculpas porque sempre acho que estou incomodando. agradeço carinho como quem reconhece favor. continuo constrangendo pessoas. continuo afastando pessoas. a mesma inaptidão para relacionamentos. a mesma angústia, o mesmo vazio. mas esse ano eu comemorei. comemorei pelas pequenas conquistas dos últimos anos. não foi tudo como planejei, não está sendo. mas eu não fugi. eu não desisti. viva eu.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

- e aí, ju, como está se sentindo?
- velha.

***

sobre o 1º de outubro: teve muita comida, muita bebida. muita música trash. teve muita luz e muito neon. muita gente linda me amando e me afofando. teve black power, vestido de bolinha, nega maluca. teve eu de peruca e batom pink que muito me favoreceram. teve eu dançando lambada loucamente e fazendo performance de xuxa. teve eu pagando bundinha porque meu tutu enrolou na meia-calça arrastão. teve muita foto ~ousada~ e vídeo constrangedor que serão usados contra mim no futuro. não teve bafão, desculpa. prometo me esforçar mais da próxima vez.