quinta-feira, 22 de março de 2012

então você faz uma peregrinação por todos os consultórios médicos, faz todos os exames. e nada. meu coraçãozinho está ok, mesmo tendo sido tão maltratado em mãos desajeitas. hormônios estão ok, tudo vai bem. nada explica. você quer desesperadamente acreditar que os resultados estão errados porque é tão mais fácil. e a verdade é que você não quer enxergar o óbvio. você não quer admitir o que os outros já perceberam, o que todos aqueles longos e dolorosos suspiros já avisaram. você está vendo acontecer. de novo. como um eterno déjà vu. como se você estivesse preso num continuum espaço-tempo vendo tudo se repetir. e, no fim do dia, você já não tem mais forças pra resistir. só espera. é como estar preso entre duas realidades paralelas, entre o universo do que já aconteceu e o do que poderia ter sido. e seu mundo está se desintegrando. você está se desintegrando. e já não tem mais forças. só espera. 

eu espero por alguém que não vai chegar. espero que todos os pedaços fragmentados de mim voltem a ser um inteiro. que todas essas partes desconexas façam sentido. eu espero. é só o que eu faço. é só o que resta. 

segunda-feira, 12 de março de 2012

você me perguntou qual era meu pesadelo. e, por algum motivo, não respondi. eu tenho esse mesmo pesadelo sempre. e já não consigo dizer quando começou. tem um homem tentando invadir a casa. eu vejo o rosto dele na janela, eu vejo o rosto dele em todo lugar. mas não consigo pedir ajuda. não consigo gritar porque não tenho voz. não consigo me mover porque meu corpo está paralisado. e eu sempre acordo gritando. meu pesadelo é a prostração. eu teria dito, se tivesse chance. e eu teria dito que não foi você. eu não chorei por ter ficado sozinha por cinco minutos. não foi isso. nunca é. eu disfarço, finjo que esqueço. tento manter todo o desespero escondido, tento sufocar essa mágoa que foi se acumulando. mas, em algum momento, eu perco o controle. e tudo é solidão. e isso assusta, sempre. eu não tenho amigos, você percebeu. todos fogem. ou eu acabo afastando todos antes que descubram. mas você não fugiu. você não se intimidou. você riu das minhas bobagens. você percebeu meus olhos tristes quando ninguém mais viu. eu te diria que não tenho medo de pedir, mas você já sabe. eu te diria que não há o menor risco. que eu tenho estado sozinha por tanto tempo que não sei como é ter alguém. porque eles sempre vão. porque não deve ser fácil gostar de mim. não é fácil ser eu. mas eu espero. mesmo sabendo que vai ser sempre assim. eu indo embora, você indo embora. vou esperar porque nós ainda não nos encontramos. e eu vi como pode ser. e o que eu vi me fez acreditar que sim. vou esperar porque eu ainda sinto tuas mãos. vou esperar até cansar. até não saber mais o que esperar. até alguém me fazer esquecer. eu vou esperar até você se cansar. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

eu só quero deixar registrado aqui que: fui num baile funk. vi um show do ~bonde do tigrão~. assim, eu fiquei um pouco constrangida porque não estava usando meu shortinho que mostra as popinha do bumbum nem meu top que deixa os peito pulando pra fora. também não consegui fazer minha performance de cachorra porque eu estava *ocupada*.

fim.




mentira, né. claro que eu fui pro boteco antes e fiquei beuba. claro que eu falei/fiz merda. claro que eu fiz minha bela imitação de macaco. óbvio que eu tive uma crise de choro no fim da noite. claaaaaaro que eu liguei pra mocinho de madrugada. senão não seria: euzinha. mas, olha, dirty dancing é coisa do passado. o lance agora é ~cerol na mão~. 

domingo, 4 de março de 2012

qui qui eu falei? demorou, mas aconteceu.
cabo feicebuque.
cabo tuinto.

lurei até onde eu pude.
desculpa pai, desculpa brasil.

sexta-feira, 2 de março de 2012

todo começo de ano é a mesma coisa. sempre tem gente saindo e gente entrando. maior movimento na cohab. os universitários vão morar numa rep com o pessu da facu. essa semana estava eu aqui fazendo faxina, quando chegou vizinho novo, com mãe, pai, empregada (!). mãe para na porta, dá um sorrisinho:

- cê é moradora aqui?

pessoa para de torcer o pano de chão, limpa o suor da cara, tira os cabelo grudado na testa, ajeita os peito que tão pulando do decote, dá um sorrisinho amarelo: aham.
porque, né, só podia ser a faxineira.

daí pessoa tá cheia de charme na lavanderia (elba ramalho ligou e pediu o look dos anos 90 de volta), com a barriga no tanque, lavando os sutiã véio e brigando cos trocinho de pendurar calcinha. chega corretor gatinho mostrando apartamento pra uma fia. deu nem tempo de arrumar os peito dessa vez...

aí eu me lembrei de uma cena linda que aconteceu ano passado. os carinhas das imobiliárias chegam abrindo as portas pra saber se o apartamento tá vazio. (ok, não é apartamento, é kitnet. to só floreando.) daí estou eu linda, me vestindo depois de sair do banho, quando corretor gatinho abre a porta. 

*momento constrangedor*

moço volta, abre a porta rapidinho, pede desculpas sem olhar pra mim, fecha a porta, desaparece.

olha, eu é quem deveria pedir desculpas, sabe. imagina uma anã branca-pálida, de calcinha azul-celeste, com sutiã chocolate e uma toalha amarelo-ovo na cabeça. naqueles dias de depilação vencida.

desculpa, moço.