sexta-feira, 29 de março de 2013

hoje eu te disse que te amo, pela primeira vez. você chegou, com os cabelos espetados e um sorriso enorme, me abraçou, correu pros seus brinquedos. então eu sentei, te puxei e te coloquei entre os meus joelhos, pra você me olhar nos olhos. então te perguntei da bateria. a bateria que eu te dei e você quebrou, deliberadamente. você segurava uma caixinha de chiclete e tentava me calar com ela. mas eu disse. que eu guardei dinheiro por muito tempo pra te dar aquela bateria vermelha, com luzinhas piscantes. que eu comprei aquela bateria com todo carinho e você jogou no chão. que eu fiquei muito chateada e não te compraria mais nenhum presente. você dizia qualquer coisa que eu não entendia e balançava a cabeça num não insistente. mas eu sei que você me ouviu. e você se jogou no tapete, escondendo o rosto. então eu percebi. eu te dei o recado errado. em todo o meu egoísmo, eu estava dizendo que o meu gesto era mais importante que toda a genuína alegria da sua descoberta. e eu me quebrei inteira. te botei no meu colo, com o rosto no meu peito, como quando você era um bebê. e eu te disse que não importa. madrinha te ama. mas você ainda estava sentido e fugiu de mim. e isso me doeu tanto. levou algum tempo pra você deixar eu me aproximar de novo. você deu comida pros peixes e eu tentei te dizer que "u" não era um nome legal pro dourado. e você me contou da escolinha e me deixou desenhar no seu caderno, com seu lápis multicolorido. e me deixou fazer todas aquelas pequenas coisas, feitas do mais puro e impronunciável amor. até você dormir no meu colo. acho que você se esqueceu que hoje eu te magoei. e eu espero que tenha esquecido que hoje te disse eu te amo. 

terça-feira, 26 de março de 2013

eu to naquele momento da vida acadêmica que a água começa a bater na bunda e a gente tem de aprender a nadar. eu preciso parir uma tese. eu preciso parir uma tese que dê conta de tudo que já foi dito sobre meu objeto de estudo e que seja algo novo, mais amplo. quer dizer, preciso reinventar a roda. e aí eu me lembrei do que uma amiga postou no facebook um tempo atrás. ela dizia que a melhor metáfora pro processo de escrita não é parir, mas *defecar*. isso mesmo, cagar. acho que ela falou alguma coisa sobre a pressão do antes e o alívio do depois, não sei bem. tava escondida embaixo da mesa, de tanta vergonha. mas, né, acho que no meu caso se aplica muito bem. vai ser uma grande bosta.